No artigo de hoje, vou compartilhar com vocês uma história de um aluno que me tocou bastante e logo vocês entenderão o porquê.
Quando cheguei na casa dele pela primeira vez, não sabia o que esperar. Aparentemente, ele parecia estar com um certo ar de rejeição, só de pensar em começar a se movimentar. Sentado no sofá, elegante como ele é, estava com uma carinha séria, mas por trás daquele semblante austero, deixava escapar também uma certa curiosidade sobre o que poderia vir pela frente.
Iniciamos o treinamento com movimentos leves e suaves, para que ele fosse se acostumando a se mexer, afinal já fazia 20 anos que ele não praticava nenhuma atividade física. Continuei atenta, a fim de tentar identificar alguma cara feia ou expressão corporal que denunciasse qualquer tipo de desconforto ou sensação de rejeição com relação ao que estávamos fazendo. A cada exercício proposto, ele iniciava os movimentos demonstrando um desequilíbrio já esperado, que é plenamente normal para quem esteve por tanto tempo parado.
Foi quando eu pedi a ele que se concentrasse nos movimentos, que colocasse o foco total na musculatura que estava em atividade, que sentisse seus pés tocando o chão, que sentisse a energia fluir pelo seu corpo. Neste momento, pensei comigo que talvez este seria o momento em que ele iria parar de aceitar a orientação e rejeitar este convite, que para muitas pessoas, pode até parecer algo místico, longe daquilo que se costuma chamar de pragmático. Para minha surpresa, ele não só aceitou a orientação, mas procurou realmente entender o que estava acontecendo com ele tanto no nível corporal, como no nível dos pensamentos. O olhar dele mudou! Senti que ele estava com foco total no que estava fazendo, como se todos os pensamentos que pudessem estar roubando sua atenção, desaparecessem instantaneamente.
Pouco a pouco, o desequilíbrio foi diminuindo, e comecei a observar nele movimentos espantosamente consistentes, tendo como base seu estágio inicial de treinamento. Comecei a introduzir exercícios um pouquinho mais elaborados e ele, sem perder a atenção, iniciava o movimento novo com certa dificuldade, mas seu estado de presença era tão grande que após algumas repetições, ele já demonstrava ter aumentado bastante o domínio sobre aquele movimento.
Fiquei muito contente em ver estes resultados e quando o treino acabou batemos um papo muito gostoso, onde ele pode contar, daquele jeito meio sério, o que ele tinha achado da experiência e um pouco sobre como ele andava se relacionando com seu corpo ultimamente.
Essa é a história do José Mario, o Zé. Um cara aparentemente tímido, que nunca foi incentivado a realizar atividade física e que já tinha se acostumado a passar seus dias sentindo diversas dores e desconfortos físicos, como câimbras e fraqueza muscular. Naquele início de treinamento, ele me confessou que queria mudar tudo isso. E que iria levar o treinamento a sério. E a julgar pela postura com que ele fez todos os exercícios, posso afirmar que ele estava sendo bastante sincero.
Hoje, depois de 3 meses do treinamento, gravei este vídeo, que não resisti em compartilhar com vocês. Perguntei a ele o que estava sentindo em relação aos treinos e a metodologia. E sua resposta foi: “RENASCIMENTO, é isso que estou sentindo”. Neste momento fiquei bastante emocionada, pois o propósito de tudo isso que fazemos é ajudar as pessoas a entrarem em contato com a vida, que é tão abundante dentro da gente, mas que as preocupações do dia-dia-dia e o que chamamos de nossos problemas, muitas vezes roubam nossa atenção, fazendo com que a gente se sinta cansado, fragilizado e muitas vezes sem esperança. E isso vale para qualquer idade!
Compartilho essa história com você, por que acredito que existam muitas pessoas que sentem sensações parecidas com as do Zé. Eu, mesmo sendo professora, e treinando bastante o estado de presença, corro o risco de entrar num looping cotidiano, onde a mente voa para situações hipotéticas de perigo que nos atormentam e nos deixam fracos e desmotivados. Mas assim como o Zé tomou a decisão de olhar por um ponto de vista diferente, e focar em sua energia vital (o chi, como falam os chineses, ou ki, como falam os japoneses), todos nós temos esta capacidade! E o quanto usufruímos dessa energia, para realizar as tarefas do dia-a-dia, é exatamente proporcional ao quanto treinamos acessa-la.
Podemos aumentar a nossa longevidade, simplesmente fazendo este treinamento, ou seja, estarmos vivendo o momento presente, entrando em contato com nossa energia vital, e realizarmos todos os movimentos e forma consciente, seja para dar uma palestra, seja para abaixar para pegar um lápis no chão, cada qual com o mesmo nível de importância. Esse é também o segredo para sair do automatismo que parece guiar nosso corpo. Estarmos conscientes do que estamos fazendo é levar vida pro movimento e para levar vida para o movimento, precisamos entrar em contato com ela.
A atividade física e o movimento realizado de forma consciente, ou seja, trabalhando o movimento corporal em conjunto com a mente e fazer um treinamento em grupo, promovendo a socialização, interação e relacionamento, evitam o envelhecimento muscular precoce, conservam o sistema cardiorrespiratório e vitalizam o sistema nervoso, evitando não apenas doenças reumáticas (fibromialgia, artrose, osteoporose), como também doenças respiratórias (hipertensão, insuficiência cardíaca, arritmia) e doenças neurológicas (Alzheimer, Parkinson, distrofia muscular, esclerose múltipla).
E foi através de muitos estudos, práticas e uma imensa vontade de ajudar as pessoas, que a metodologia Treinamento Movimento Consciente foi desenvolvida. Todos os nossos movimentos têm como objetivo trabalhar o corpo unido à mente e resgatar as capacidades funcionais do corpo e a consciência corporal que está adormecida.
Atendemos não só pessoas adeptas a atividade física, mas sim todas as pessoas que tenham vontade de resgatar o movimento natural do corpo, evitando assim desconfortos físicos e psicológicos. Temos grupos abertos de iniciantes (ciclo 1) e terceira idade, para maiores informações clique aqui.