Corpo consciente ou no piloto automático?

Para que possamos entrar em contato com o que acontece dentro do nosso corpo, primeiro precisamos entender como ele funciona e quais são suas principais características.


A estrutura corporal é uma “máquina” extremamente inteligente, onde todos os seus sistemas funcionam “aparentemente” sem nenhum comando consciente.


Enquanto estamos parados, dormindo ou acordados, os sistemas estão o tempo todo em movimento: nosso sistema circulatório, levando nutrientes e oxigênio para as células; o sistema respiratório, garantindo a entrada de oxigênio e saída do gás carbônico; o sistema digestivo, realizando a quebra de alimentos e absorvendo nutrientes; e muitos outros sistemas, trabalhando incansavelmente para manter o corpo vivo.


Dentre todos os sistemas do nosso corpo, gostaria de ressaltar dois deles que estão diretamente interligados: o sistema nervoso e o sistema fascial. Eles são sistemas principais, pois sem eles nenhum outro funcionaria.


O sistema nervoso é responsável pela maioria das funções de controle do organismo, pois ele coordena e regula as atividades corporais.


O sistema fascial é o maior sistema do corpo, composto por tecidos fasciais com aparência bem similar a uma “teia”; um tecido gigantesco que cobre e interpenetra cada músculo, osso, nervo, artéria e veia, além de todos os órgãos internos, incluindo coração, pulmão, cérebro e medula espinhal.


Quando o sistema nervoso é desequilibrado, por algum motivo, o sistema fascial também entra em desequilíbrio, assim como todos os outros sistemas, que podem apresentar algum tipo de alteração.


Mas como isso acontece? Os estímulos neurais podem ser de fatores externos, como mudança de ambiente, mudança de clima, ou de fatores internos como medo, raiva, ansiedade, tristeza. Ao recebermos esses estímulos, o sistema nervoso recebe as informações e transmite para cada célula do nosso corpo e, consequentemente, nossa fáscia, que recobre cada célula, é afetada, gerando também um desequilíbrio fascial. E é esse desequilíbrio fascial e neural a causa dos nossos desconfortos, lesões,dores musculares e até das doenças em nosso corpo.


É muito fácil percebermos nosso dia a dia como uma sucessão de acontecimentos que ocorrem  repetidamente e que não temos nenhum controle sobre isso.


Ao acordar, abrimos os olhos, escovamos os dentes e nos arrumamos. Alguns vão ao trabalho, outros estudar, outros malhar. E ao longo do dia, outras atividades aparecem para ocupar o tempo. E assim acontece dia após dia.

Enquanto isso, nosso organismo está em completo funcionamento, reagindo a todas as sensações também no piloto automático. 


E ao vivenciarmos o dia dessa forma, parece que não temos nenhum controle sobre nossas sensações internas, ou seja, apenas reagimos a todos os estímulos percebidos, tentando controlar as emoções e sentimentos desagradáveis.


Uma vez que sentimos essas sensações, as células do corpo já foram acionadas e, em algum nível, já ocorreu um desequilíbrio no sistema funcional, levando a algum desconforto físico.


Entendendo a ligação entre nosso sistema nervoso e o sistema fascial e como eles reagem diretamente com os outros sistemas, como podemos viver movimentando nosso corpo de uma forma mais consciente, evitando desconfortos corporais desde dores musculares até doenças fatais?


A única maneira de experienciarmos o corpo completamente saudável é se nos permitimos sair do piloto automático.


Como tornar nossas ações, pensamentos e sentimentos conscientes, a ponto de transitar no cenário de forma presente e entendendo o que o nosso corpo e organismo precisam a cada momento?


Listo aqui algumas recomendações de medidas que podem ser tomadas, a fim de evitar que as suas sensações continuem impactanto os sistemas nervoso e fascial:


Primeiro passo: preste atenção em sua RESPIRAÇÃO.


A técnica de respiração profunda reflete em regiões anatômicas parassimpáticas, equilibrando o estresse que acalma as reações cerebrais, responsáveis pela regulação das emoções, atenção, percepção e soluções de problemas.


Realizar respirações profundas e conscientes eleva o número de conexões neurais, auxilia na redução de ansiedade e estresse no aspecto psicofisiológico. Além disso, fisiologicamente, esse procedimento aumenta a variabilidade da frequência cardíaca, diminui a pressão arterial, aumenta a função pulmonar e a imunidade do corpo.


Segundo passo: preste atenção nos seus MOVIMENTOS CORPORAIS.


O seu corpo está sempre falando com você. Quando você realiza algum movimento físico, seja uma caminhada para o mercado, ou digitar no computador, treinar na academia, limpar a casa, agachar para pegar um objeto, deitar ou levantar da cama, etc, existe uma forma de realizar este movimento de forma leve, natural e sem esforço. Comunique-se com o seu corpo, preste atenção no movimento que pretende realizar, ponha presença no corpo de uma forma integrada. Não existe qualquer movimento que você faça com o corpo que seja realizado de uma forma isolada. 


Ao realizarmos qualquer atividade física, tenha a intenção de estar por inteiro nesta ação, coloque o corpo em movimento lembrando em ativá-lo dos pés à cabeça. 


Após uma ativação integrada, os movimentos se tornarão tão naturais e leves que qualquer movimento será feito com facilidade e prazer.


Terceiro passo: RESPEITE O LIMITE de até onde o seu corpo consegue chegar naquele dia.


Seu corpo é uma máquina extremamente eficiente, que pode realizar movimentos que você nem imagina. Porém esses movimentos fluidos e ilimitados são construídos aos poucos, sem sacrifício e sem esforço.


Toda evolução de movimentos é conquistada através da gentileza com o seu corpo. A cada dia seu sistema funcional precisa de algo diferente, ouça o que ele está pedindo.


Tem dias que é necessário descansar a máquina para não sobrecarregá-la, em outros dias será importante realizar treinamentos leves e contínuos, e haverá dias que você se sentirá tão disposto, que conseguirá fazer treinos e movimentos mais intensos sem levar o corpo ao sacrifício.


Respeitar o limite do seu corpo, dia após dia, é a chave para evoluir nos treinamentos e movimentos e conseguir dar continuidade sem se sentir cansado e desanimado.


Quarto passo: Realize movimentos corporais com ALEGRIA


Quando você sente alegria, seu corpo responde liberando dopamina, serotonina, endorfina e ocitocina, que fazem parte do grupo chamado de “neurotransmissores da felicidade”. Eles possuem a função de aumentar as sensações de bem-estar e diminuir estresse, ansiedade e melhorar quadros depressivos.


Treine com alegria e todos os seus objetivos serão alcançados com uma rapidez que você nem imagina.


Essas simples recomendações te ajudarão no processo de sair do piloto automático e transitar nos cenários de uma forma mais consciente. E ao ouvir o seu corpo você realizará movimentos mais naturais e leves, diminuindo consideravelmente o nível de desconforto e dores.

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